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24 de outubro de 2010

Correio Popular- A condessa e os ciganos

Publicada em 23/10/2010
Caderno C
A condessa e os ciganos
/ CINEMA / Diretora Julia Zakia fala sobre seu primeiro longa, Ao Relento, contemplado pelo edital do polo de cinema de Paulínia

Paula Ribeiro
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
paula.ribeiro@rac.com.br




Um filme concebido há mais de três anos sobre as dicotomias que permeiam a vida começará a ser rodado em Paulínia no mês que vem. Intitulada provisoriamente de Ao Relento, a saga mística que envolve os valores de vida de ciganos e fazendeiros pretende mostrar muito do que a diretora Julia Zakia aprendeu ao longo de sua vida e convivência com ciganos do Nordeste do País e da Sérvia, onde morou por um ano.
 

Diretora dos curtas O Chapéu do Meu Avô (sobre a fábrica campineira de chapéus Cury) e Tarabatara (sobre os ciganos de Alagoas), Julia faz seu début no mundo dos longas com a ajuda do edital do polo de cinema de Paulínia. A equipe do filme concedeu entrevista coletiva na última quinta-feira, no Theatro Municipal da cidade.


As locações acontecem nos estúdios do polo, em uma fazenda de Santo Antonio de Posse e no acampamento dos ciganos Ferraz em Alagoas. Os atores são integrantes dos grupos de pesquisa Lume e Barracão Teatro, além da talentosa Georgette Fadel, que vive duas protagonistas — a cigana e a condessa. Haverá, porém, muitos figurantes ciganos.  

“Desde criança a cultura cigana me intrigou e acho que todo mundo tem isso. Pode ser preconceito, admiração, mas tem muito de curiosidade por isso decidi incluir este povo no meu filme e tratar de questões que me tocam na vida”, explica a diretora.  

Apesar de ser a história de uma condessa que vive trancada em um quarto e tenta impedir a passagem do tempo, o filme é definido pela diretora como uma espécie de devaneio sem tempo definido, mas contraditoriamente realizado “o mais próximo do real possível”.

Com pouquíssimas falas, o longa terá muita técnica de expressão para os experientes atores, que estão envolvidos no projeto há três anos, e a trilha sonora será de Mateus Stelini, Lincoln Antônio e uma pianista bósnia. A direção de fotografia é de ninguém menos que o inglês Adrian Cooper, de Memórias Póstumas (2001) e O Menino da Porteira (2009). A direção de arte é de Mônica Palazzo.   

O roteiro já passou por diversos tratamentos, mas as cenas do filme já estão todas lá, na cabeça de Julia, há muitos anos. “Algumas imagens estão na minha cabeça antes mesmo de o roteiro ser escrito”, afirma.


O desafio, agora, é segurar a ansiedade até o dia 7 de novembro, quando a equipe se reúne em uma fazenda em Santo Antonio de Posse onde, na história, moram a condessa e o marido, um fazendeiro conhecido como conde. Por ali, passam alguns ciganos e a condessa se encanta com uma criança, de quem ela rouba a infância. “A história tem muito da sabedoria das mulheres, da força feminina e da simplicidade da vida”, define Georgette, que passou um mês com os ciganos em Alagoas para fazer laboratório de uma de suas personagens, a cigana.  

Amigas há muitos anos, o filme é, para ela e Julia, um resumo de sua amizade. Ao Relento não tem previsão de estreia e o objetivo principal, segundo o produtor executivo Patrick Leblanc, é concorrer em festivais — primeiro, internacionais e, depois, nacionais.

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