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1 de junho de 2011

sobre o filme, escritos de Georgette Fadel 1

Há algum tempo venho pedindo para a Georgette Fadel, grande amiga, musa inspiradora e atriz principal desse filme, escrever ou rever seus diários para dividir aqui um pouco mais do que foi fazer o filme e onde ele cabe, dentro dela. Com muita alegria, recebi hoje escritos, em três partes. Então, vou publicá-los aqui, em três dias. Começo do começo:

Com vocês, Georgette Fadel 1  :

"Tanto tempo e tantas coisas estão contidas nesse trabalho, estivemos  ao relento tanto tempo, sob tantos aspectos que só começando - pra um dia terminar- de contar.
Uma cigana e uma condessa, Julia disse. Uma cigana livre, uma condessa sanguinária. Estou há anos convivendo com essas duas. Voltas no quarteirão do conjunto Nacional antes e depois do filme Estamira, muitos sonhos.  As primeiríssimas imagens no Vale dos Lagos, em Campinas na beira da estrada, em super 8 (nosso formato!).
E depois de tudo, ainda nem sei de nada sobre o que será…sou atriz de teatro, faço e já é visto. Aqui, nem sei de nada … ao relento. Sei quem é a Julia, a gente se dá tão bem que até dá um nervoso. A vontade de criar juntas, imensa, foi levando devagar a essa história de amizade que é esse filme.
A ciganinha Kaia e sua amiga mais nova Reka separadas por um pesadelo (chamada possível para a sessão da tarde, hein, gente??) A ciganinha Reka “raptada” pela condessa, um duplo sombrio e patético de Kaia.
Uma busca e um reencontro. Julia Reka, eu Kaia e  condessa. 

                     “E viu que ele mesmo era a princesa que dormia.”

Entre nós , muitos amores. Os ciganos de Alagoas, longa e terníssima e dialética história a ser contada com muita calma. Coisas vividas que para mim já são riquezas tão grandes que se o filme for bonito é lucro, gente! Ok, eu quero muito que ele seja bonito.
Tudo que foi vivido, visto e sentido na Sérvia, no frio e no calor, foi na minha vida uma janela. Liberdade e criação. Com amor.
Os companheiros que começaram a chegar. Paulínia (um livro) e Piranhas e Tapera, puta que pariu,  tanta coisinha, aqueles papos com aquele cavalheiro Adrian na beira do Rio-benção me ensinando a viver melhor, me ensinando segredinhos eternos sobre amor e cinema, os vizinhos da direita (Siva e Ebony) chiques, úteis e fofos, a comida, os filhotes da Lu, a Lu, o marido muito lindo e animado da Lu, os filadores de café da manhã (mas gatos então tudo bem) Acauã e Jerry, a musa Tanaka, as casas afastadas da diretoria  mais tarde conquistadas, incorporadas e completamente dominadas pela Senzala, e os meninos distantes, tão difíceis de alcançar, a testosterona do grupo dividida em duas casas realmente afastadas, jaula de leões, cometendo ações inenarráveis e inimagináveis, as meninas e os caras da produção que deviam se esconder da gente na cidade vizinha liderados pelo francês mais engraçadinho que eu conheço , a equipe alto nível e descoladíssima da arte, os heróis que toda mulher sonha pra si : Guile e  Gnomo, os amigos do MST, os amigos sertanejos em especial seu Zé de Dirceu… e finalmente, o último a chegar e último a sair,  o destemido Gusmão-Gu Ramalho: o violão salvação no entardecer.  E tem mais…"

(vou procurar uma foto à altura dessas primeiras memórias...prometo ser rápida)

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