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22 de fevereiro de 2011

Mulheres ciganas

Eu as vejo em suas grandes e pesadas passadas. Caminhando em uníssono.
Há uma imagem que não se desfaz. Na precisão, um círculo.  
A roupa, um casaco de homem, tweed pesado e cinza em cima do colorido vestido.
Frio do sertão, olhos já miúdos pelo sono da madrugada. Neste momento todas são crianças: o sono chama e o cigarro acende a brasa na noite.
As crianças amadas. Crianças bravas, muitas vezes com duro olhar em rosto tenro. Outros entes de tempos que não conheço.
É instinto e atenção. Amor também, fortalecido pelo coletivo de vida.
Uma só palavra, um cadenciar, a retirada.
Os braços não estão vazios.
Pequenas crianças os preenchem. Os círculos de luz ainda me mostram esse traço de beleza.
Quero reter a visão sabendo que alguns passos mais e a escuridão encobrirá a todas.
Olho, olho ainda uma vez percebendo os coloridos se misturarem às sombras.
Agradeço e durmo.

ZILDA ZAKIA
(escrito depois de ter visitado as filmagens de algumas cenas noturnas na região de Piranhas- AL)

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