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25 de novembro de 2011
4 de julho de 2011
Impressões de uma atriz: Mariana Senne
Mariana Senne interpreta ZAGA, uma mãe cigana que perde sua filha, no filme. Pedimos que escrevesse um pouco sobre a experiência de fazer o filme, de estar ali no núcleo cigano no sertão de Alagoas nesse inicio de ano. Bom passeio pelas palavras da Mari:
"Passar o Réveillon com uma trupe de cinema e conviver com a matéria viva desse filme Ao Relento, o bando cigano, foi emocionante e único. Um bando artista dialogando com um bando cigano.
Foi a preparação necessária para o mergulho intenso em janeiro. Sou atriz de teatro e foi a primeira vez que trabalhei em um longa-metragem. Aprendi a entender esse outro jeito de expressar arte. “Cinema é corre e espera, corre e espera, corre e espera” me disse o Ebony (da equipe de maquiagem). E de fato, é uma experiência intensa: 12 horas de diária, 5 vezes por semana com uma folga, temperatura altíssima, calor, calor, calor. Lembro nos primeiros dias em Alagoas, ainda nesse período de preparação (réveillon), quando dava meio dia, a única saída era tomar uma coca-cola gelada goela a baixo, pra ter energia e coragem de almoçar. A quentura era tanta que a vontade era de deitar, dormir ou ficar chupando gelo.
Foi a preparação necessária para o mergulho intenso em janeiro. Sou atriz de teatro e foi a primeira vez que trabalhei em um longa-metragem. Aprendi a entender esse outro jeito de expressar arte. “Cinema é corre e espera, corre e espera, corre e espera” me disse o Ebony (da equipe de maquiagem). E de fato, é uma experiência intensa: 12 horas de diária, 5 vezes por semana com uma folga, temperatura altíssima, calor, calor, calor. Lembro nos primeiros dias em Alagoas, ainda nesse período de preparação (réveillon), quando dava meio dia, a única saída era tomar uma coca-cola gelada goela a baixo, pra ter energia e coragem de almoçar. A quentura era tanta que a vontade era de deitar, dormir ou ficar chupando gelo.
Quando as filmagens começaram, lidar com o calor era tarefa árdua. Aos poucos fomos nos acostumando já que o que movia muito toda a equipe era uma paixão e um desejo de realização dessa história maluca no meio do agreste. Uma equipe na sua maioria jovem, uma mulherada em maioria. Isso do bando de artistas. E no bando cigano, muitas mulheres também. Mulheres e crianças. Muitas crianças. Ir ao acampamento onde eles agora estão estabelecidos, conhecer a realidade em que vivem, foi importante pra não cair em deslumbramentos ou preconceitos. Foi um difícil encontro a princípio.
Com os ciganos reencontrai a pobreza, a miséria (sensações semelhantes á experiência do albergue: cheiros parecidos, criançada muito machucada (subnutrida), cigarro o tempo inteiro presente. Faço parte da Cia. São Jorge de Variedades de teatro e realizamos um projeto de temporada de um espetáculo chamado As Bastianas dentro de 2 albergues para pessoas em situação de rua em São Paulo. A condição de pobreza dos ciganos é muito semelhante ás condições encontradas nos albergues.
Com os ciganos portanto, reencontrei a miséria.
O que é possível ver além da miséria ?
Com os ciganos reencontrai a pobreza, a miséria (sensações semelhantes á experiência do albergue: cheiros parecidos, criançada muito machucada (subnutrida), cigarro o tempo inteiro presente. Faço parte da Cia. São Jorge de Variedades de teatro e realizamos um projeto de temporada de um espetáculo chamado As Bastianas dentro de 2 albergues para pessoas em situação de rua em São Paulo. A condição de pobreza dos ciganos é muito semelhante ás condições encontradas nos albergues.
Com os ciganos portanto, reencontrei a miséria.
O que é possível ver além da miséria ?
Essa pergunta me acompanhou durante toda a filmagem. Era ali que os bandos se misturavam. Ali no corre e espera que troquei muitas prosas com Nega, a cigana-guia-Hermes do nosso processo, que abria toda a comunicação entre os bandos. Ali brinquei com a criançada. Ali me pus a viver com esse povo cigano, que carrega a identidade em si. Na sua língua, no modo de se vestir, no modo de mover-se e de falar, no modo de existir. O que vi alem da miséria?
A existência. Ali a vida brota, os filhos brotam. Amamentar pra botar pra andar. Depois que começou a andar é do mundo. A vida acontece: ela vêm, põe prenha e vai pro mundo. Ir pro mundo. Existir no mundo. Esse um aprendizado, simplesmente existir.
Existência/ ciclo de vida e morte das coisas/ somos aqueles que ora são e ora não são."
A existência. Ali a vida brota, os filhos brotam. Amamentar pra botar pra andar. Depois que começou a andar é do mundo. A vida acontece: ela vêm, põe prenha e vai pro mundo. Ir pro mundo. Existir no mundo. Esse um aprendizado, simplesmente existir.
Existência/ ciclo de vida e morte das coisas/ somos aqueles que ora são e ora não são."
28 de junho de 2011
A coluna Babel no Estadão (por Raquel Cozer): CINEMA: Condessa em versão nacional
fonte da matéria original: blog do Estadão
"A húngara Erzsébet Báthory (1560- 1614), personagem central de A Condessa Sangrenta (Tordesilhas), de Alejandra Pizarnik, chega em breve ao cinema nacional. Ao Relento, que a diretora Julia Zakia acaba de filmar, tem personagem inspirada na mesma figura histórica que Pizarnik recupera no romance recém-lançado no Brasil. Georgette Fadel (à esq. na foto) vive uma versão da condessa, que, reza a lenda, tinha como segredo de beleza tomar banho com o sangue de jovens que mandava matar."
"A húngara Erzsébet Báthory (1560- 1614), personagem central de A Condessa Sangrenta (Tordesilhas), de Alejandra Pizarnik, chega em breve ao cinema nacional. Ao Relento, que a diretora Julia Zakia acaba de filmar, tem personagem inspirada na mesma figura histórica que Pizarnik recupera no romance recém-lançado no Brasil. Georgette Fadel (à esq. na foto) vive uma versão da condessa, que, reza a lenda, tinha como segredo de beleza tomar banho com o sangue de jovens que mandava matar."
5 de junho de 2011
Matéria na GAZETA DE ALAGOAS- esse domingo.
3 de junho de 2011
escritos Georgette Fadel 3
3.
Uma criança fica pra trás, coberta por uma mantinha de lã, ao relento.
Uma cigana viaja pra encontrar outra cigana, ao relento.
A mulher dentro de casa , dentro da carroça-carruagem, sob a peruca, ao relento.
Todos nós, sob as estrelas, protegidos e vulneráveis, ao relento.
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Uma criança fica pra trás, coberta por uma mantinha de lã, ao relento.
Uma cigana viaja pra encontrar outra cigana, ao relento.
A mulher dentro de casa , dentro da carroça-carruagem, sob a peruca, ao relento.
Todos nós, sob as estrelas, protegidos e vulneráveis, ao relento.
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2 de junho de 2011
escritos Georgette Fadel 2
2.
Então aqui uma primeira memória dura na hora, agora bem molinha que aconteceu em Mostar, na Bósnia. A gente tinha ido pra lá pra ir ao encontro da guerra, das marcas da violência e para achar e conhecer uns ciganos, a Julia tinha notícias que eram muitos. Calor real, muito, muito, muito. Chegamos e já percebemos que a mulher com quem estava combinada a hospedagem queria nos vender gato por lebre, já rolou uma pequena briga porque ela não se conformava de ter reservado pra gente e a gente de repente não querer ficar, e a gente dizendo que o quarto reservado era outro e tal. Bom, a cidade linda nos acalmou. E comida boa, mesquitas e ruazinhas de pedra. Mas os prédios e portões e até o asfalto, varados de tiros. Buracos. Muitas casas condenadas, destruidíssimas. As praças (muitas, né Julia?) eram cemitérios, com túmulos com a mesma data, mesmo ano 92,93 ?? Mas os bancos e o coreto e a geometria toda da praça ali e a sua função inclusive, de praça, também mantida: pessoas passeando, sentadas nos bancos , conversando, rindo e tudo mais, diante dos túmulos.
Bom, e aí então, instaladas num hotel mais território neutro e menos casa da louca-mulher, começamos nossas “investigações”. Fomos, quando chegou a noite, tomar um café (aqueles inesquecíveis cafés turcos servidos em praticamente baldes ou naquelas xícarazinhas e bulezinhos tão especiais) com um cigano jovem nas margens daquele deslumbrante rio azul-esmeralda Neretva ( a Julia vai me corrigindo e acrescentando, certo?). O moço era nosso “jacaré”, nossa ponte com os ciganos (os muitos). Combinamos encontro para o dia seguinte. Ele nos levaria, nos faria felizes com a missão realizada redondinha. Nada. No dia seguinte, quente , quente, quente, com câmera, figurinos e outras coisinhas fomos literalmente para a estrada. Quilômetros . O cara nos deu o cano e sumiu, resolvemos ir por conta própria. Chegou num ponto que as duas estavam BEM cansadas e torradas, mas a idéia da empreitada ter sido em vão, o ter que dormir com isso também era doloroso. Não achamos nada.
Paramos pra ter o alívio da coca com gelo num meio que posto meio que lanchonete da estrada. As duas meio que sem se falar, a coisa toda dentro de mim se transformando numa raiva pela Julia estar insistindo em continuar na busca perdida ao mesmo tempo sem querer assumir o meu “já deu”… sol quentíssimo de verdade. Andamos mais um pouco, aí já com a hostilidade sem se disfarçar, eu andando longe dela, ela meio que sem defesa, aceitando. Não sei no que ela estava pensando . No inverno, um tempo antes a gente teve uma volta para um hotel bem na ranzinzisse também, não tanto quanto essa que agora narro. Foi de frio. As duas congelando depois de uma tarde linda de imagens-quadros que a gente adorou (o perfil da moeda, o trompete com sanguinho na mão, coisinhas que foram devagar dando substância aos nossos corações), caminhando lado a lado mas mudas. Chegamos no quarto, nossos dedos dos pés tinham colado uns nos outros, colamos no aquecedor e reatamos a amizade. Enfim, voltando à saga do verão, depois de um tempo ela mesma desistiu de achar o “mar de ciganos” e resolvemos voltar. Frustração. Depois de mais algumas horas retornando, as duas indignadas com o nenhum resultado, resolvemos fazer a qualquer custo, em qualquer lugar, de qualquer jeito, a cena da guerra, a cena da mina no chão (toda essa história mais literal e de denúcia da guerra acabou virando nas mãos sensatas da Julia um curta muito amado chamado Pedra Bruta).
Nós estávamos em guerra. Não sei se a gente sacou isso na hora, mas o fato era que naquele momento, eu estava em guerra então era vida ou morte, era possível me ralar nas pedras, algum sangue tinha que rolar. E olha que depois de uns dias, a gente de novo em busca da guerra, da cena do colar estourando, do lançamento de granadas invisíveis no meio de umas pedras cortantes, e a Julia fatiou a ponta do dedão do pé. Sangue. As coisas têm preço. E isso é bom. As cenas ficaram muito lindas, a maioria não vai entrar no filme, mas ajudaram a gente a ir entendendo a poesia que a gente queria construir, o espírito dela.
Então aqui uma primeira memória dura na hora, agora bem molinha que aconteceu em Mostar, na Bósnia. A gente tinha ido pra lá pra ir ao encontro da guerra, das marcas da violência e para achar e conhecer uns ciganos, a Julia tinha notícias que eram muitos. Calor real, muito, muito, muito. Chegamos e já percebemos que a mulher com quem estava combinada a hospedagem queria nos vender gato por lebre, já rolou uma pequena briga porque ela não se conformava de ter reservado pra gente e a gente de repente não querer ficar, e a gente dizendo que o quarto reservado era outro e tal. Bom, a cidade linda nos acalmou. E comida boa, mesquitas e ruazinhas de pedra. Mas os prédios e portões e até o asfalto, varados de tiros. Buracos. Muitas casas condenadas, destruidíssimas. As praças (muitas, né Julia?) eram cemitérios, com túmulos com a mesma data, mesmo ano 92,93 ?? Mas os bancos e o coreto e a geometria toda da praça ali e a sua função inclusive, de praça, também mantida: pessoas passeando, sentadas nos bancos , conversando, rindo e tudo mais, diante dos túmulos.
Bom, e aí então, instaladas num hotel mais território neutro e menos casa da louca-mulher, começamos nossas “investigações”. Fomos, quando chegou a noite, tomar um café (aqueles inesquecíveis cafés turcos servidos em praticamente baldes ou naquelas xícarazinhas e bulezinhos tão especiais) com um cigano jovem nas margens daquele deslumbrante rio azul-esmeralda Neretva ( a Julia vai me corrigindo e acrescentando, certo?). O moço era nosso “jacaré”, nossa ponte com os ciganos (os muitos). Combinamos encontro para o dia seguinte. Ele nos levaria, nos faria felizes com a missão realizada redondinha. Nada. No dia seguinte, quente , quente, quente, com câmera, figurinos e outras coisinhas fomos literalmente para a estrada. Quilômetros . O cara nos deu o cano e sumiu, resolvemos ir por conta própria. Chegou num ponto que as duas estavam BEM cansadas e torradas, mas a idéia da empreitada ter sido em vão, o ter que dormir com isso também era doloroso. Não achamos nada.
Paramos pra ter o alívio da coca com gelo num meio que posto meio que lanchonete da estrada. As duas meio que sem se falar, a coisa toda dentro de mim se transformando numa raiva pela Julia estar insistindo em continuar na busca perdida ao mesmo tempo sem querer assumir o meu “já deu”… sol quentíssimo de verdade. Andamos mais um pouco, aí já com a hostilidade sem se disfarçar, eu andando longe dela, ela meio que sem defesa, aceitando. Não sei no que ela estava pensando . No inverno, um tempo antes a gente teve uma volta para um hotel bem na ranzinzisse também, não tanto quanto essa que agora narro. Foi de frio. As duas congelando depois de uma tarde linda de imagens-quadros que a gente adorou (o perfil da moeda, o trompete com sanguinho na mão, coisinhas que foram devagar dando substância aos nossos corações), caminhando lado a lado mas mudas. Chegamos no quarto, nossos dedos dos pés tinham colado uns nos outros, colamos no aquecedor e reatamos a amizade. Enfim, voltando à saga do verão, depois de um tempo ela mesma desistiu de achar o “mar de ciganos” e resolvemos voltar. Frustração. Depois de mais algumas horas retornando, as duas indignadas com o nenhum resultado, resolvemos fazer a qualquer custo, em qualquer lugar, de qualquer jeito, a cena da guerra, a cena da mina no chão (toda essa história mais literal e de denúcia da guerra acabou virando nas mãos sensatas da Julia um curta muito amado chamado Pedra Bruta).
Nós estávamos em guerra. Não sei se a gente sacou isso na hora, mas o fato era que naquele momento, eu estava em guerra então era vida ou morte, era possível me ralar nas pedras, algum sangue tinha que rolar. E olha que depois de uns dias, a gente de novo em busca da guerra, da cena do colar estourando, do lançamento de granadas invisíveis no meio de umas pedras cortantes, e a Julia fatiou a ponta do dedão do pé. Sangue. As coisas têm preço. E isso é bom. As cenas ficaram muito lindas, a maioria não vai entrar no filme, mas ajudaram a gente a ir entendendo a poesia que a gente queria construir, o espírito dela.
1 de junho de 2011
sobre o filme, escritos de Georgette Fadel 1
Há algum tempo venho pedindo para a Georgette Fadel, grande amiga, musa inspiradora e atriz principal desse filme, escrever ou rever seus diários para dividir aqui um pouco mais do que foi fazer o filme e onde ele cabe, dentro dela. Com muita alegria, recebi hoje escritos, em três partes. Então, vou publicá-los aqui, em três dias. Começo do começo:
Com vocês, Georgette Fadel 1 :
"Tanto tempo e tantas coisas estão contidas nesse trabalho, estivemos ao relento tanto tempo, sob tantos aspectos que só começando - pra um dia terminar- de contar.
Uma cigana e uma condessa, Julia disse. Uma cigana livre, uma condessa sanguinária. Estou há anos convivendo com essas duas. Voltas no quarteirão do conjunto Nacional antes e depois do filme Estamira, muitos sonhos. As primeiríssimas imagens no Vale dos Lagos, em Campinas na beira da estrada, em super 8 (nosso formato!).
E depois de tudo, ainda nem sei de nada sobre o que será…sou atriz de teatro, faço e já é visto. Aqui, nem sei de nada … ao relento. Sei quem é a Julia, a gente se dá tão bem que até dá um nervoso. A vontade de criar juntas, imensa, foi levando devagar a essa história de amizade que é esse filme.
A ciganinha Kaia e sua amiga mais nova Reka separadas por um pesadelo (chamada possível para a sessão da tarde, hein, gente??) A ciganinha Reka “raptada” pela condessa, um duplo sombrio e patético de Kaia.
Uma busca e um reencontro. Julia Reka, eu Kaia e condessa.
“E viu que ele mesmo era a princesa que dormia.”
Entre nós , muitos amores. Os ciganos de Alagoas, longa e terníssima e dialética história a ser contada com muita calma. Coisas vividas que para mim já são riquezas tão grandes que se o filme for bonito é lucro, gente! Ok, eu quero muito que ele seja bonito.
Tudo que foi vivido, visto e sentido na Sérvia, no frio e no calor, foi na minha vida uma janela. Liberdade e criação. Com amor.
Os companheiros que começaram a chegar. Paulínia (um livro) e Piranhas e Tapera, puta que pariu, tanta coisinha, aqueles papos com aquele cavalheiro Adrian na beira do Rio-benção me ensinando a viver melhor, me ensinando segredinhos eternos sobre amor e cinema, os vizinhos da direita (Siva e Ebony) chiques, úteis e fofos, a comida, os filhotes da Lu, a Lu, o marido muito lindo e animado da Lu, os filadores de café da manhã (mas gatos então tudo bem) Acauã e Jerry, a musa Tanaka, as casas afastadas da diretoria mais tarde conquistadas, incorporadas e completamente dominadas pela Senzala, e os meninos distantes, tão difíceis de alcançar, a testosterona do grupo dividida em duas casas realmente afastadas, jaula de leões, cometendo ações inenarráveis e inimagináveis, as meninas e os caras da produção que deviam se esconder da gente na cidade vizinha liderados pelo francês mais engraçadinho que eu conheço , a equipe alto nível e descoladíssima da arte, os heróis que toda mulher sonha pra si : Guile e Gnomo, os amigos do MST, os amigos sertanejos em especial seu Zé de Dirceu… e finalmente, o último a chegar e último a sair, o destemido Gusmão-Gu Ramalho: o violão salvação no entardecer. E tem mais…"
(vou procurar uma foto à altura dessas primeiras memórias...prometo ser rápida)
Com vocês, Georgette Fadel 1 :
"Tanto tempo e tantas coisas estão contidas nesse trabalho, estivemos ao relento tanto tempo, sob tantos aspectos que só começando - pra um dia terminar- de contar.
Uma cigana e uma condessa, Julia disse. Uma cigana livre, uma condessa sanguinária. Estou há anos convivendo com essas duas. Voltas no quarteirão do conjunto Nacional antes e depois do filme Estamira, muitos sonhos. As primeiríssimas imagens no Vale dos Lagos, em Campinas na beira da estrada, em super 8 (nosso formato!).
E depois de tudo, ainda nem sei de nada sobre o que será…sou atriz de teatro, faço e já é visto. Aqui, nem sei de nada … ao relento. Sei quem é a Julia, a gente se dá tão bem que até dá um nervoso. A vontade de criar juntas, imensa, foi levando devagar a essa história de amizade que é esse filme.
A ciganinha Kaia e sua amiga mais nova Reka separadas por um pesadelo (chamada possível para a sessão da tarde, hein, gente??) A ciganinha Reka “raptada” pela condessa, um duplo sombrio e patético de Kaia.
Uma busca e um reencontro. Julia Reka, eu Kaia e condessa.
“E viu que ele mesmo era a princesa que dormia.”
Entre nós , muitos amores. Os ciganos de Alagoas, longa e terníssima e dialética história a ser contada com muita calma. Coisas vividas que para mim já são riquezas tão grandes que se o filme for bonito é lucro, gente! Ok, eu quero muito que ele seja bonito.
Tudo que foi vivido, visto e sentido na Sérvia, no frio e no calor, foi na minha vida uma janela. Liberdade e criação. Com amor.
Os companheiros que começaram a chegar. Paulínia (um livro) e Piranhas e Tapera, puta que pariu, tanta coisinha, aqueles papos com aquele cavalheiro Adrian na beira do Rio-benção me ensinando a viver melhor, me ensinando segredinhos eternos sobre amor e cinema, os vizinhos da direita (Siva e Ebony) chiques, úteis e fofos, a comida, os filhotes da Lu, a Lu, o marido muito lindo e animado da Lu, os filadores de café da manhã (mas gatos então tudo bem) Acauã e Jerry, a musa Tanaka, as casas afastadas da diretoria mais tarde conquistadas, incorporadas e completamente dominadas pela Senzala, e os meninos distantes, tão difíceis de alcançar, a testosterona do grupo dividida em duas casas realmente afastadas, jaula de leões, cometendo ações inenarráveis e inimagináveis, as meninas e os caras da produção que deviam se esconder da gente na cidade vizinha liderados pelo francês mais engraçadinho que eu conheço , a equipe alto nível e descoladíssima da arte, os heróis que toda mulher sonha pra si : Guile e Gnomo, os amigos do MST, os amigos sertanejos em especial seu Zé de Dirceu… e finalmente, o último a chegar e último a sair, o destemido Gusmão-Gu Ramalho: o violão salvação no entardecer. E tem mais…"
(vou procurar uma foto à altura dessas primeiras memórias...prometo ser rápida)
6 de maio de 2011
Gypsy River
All the posts on this blog are in portuguese, but there are many photos and images, so even if you don't understand portuguese, try to look and profiteer our blog which is about the film and the work in process. Many of our technicians and actors posted their impressions and contributions gere.
We are working on the translation of all our texts. Thanks for visiting us here.
The film is in post production and we hope to finish it as soon as possible. Best regards.
We are working on the translation of all our texts. Thanks for visiting us here.
The film is in post production and we hope to finish it as soon as possible. Best regards.
9 de abril de 2011
a soma de olhares
Heloísa Uruhary, querida amiga e companheira de cinema desde 2001, fotografou algumas cenas da infância das meninas, em super-16, sem assistentes de câmera com mais 3 pessoas na equipe (direção, som e produção), em 2009.
Imagens muito importantes para a futura montagem foram feitas nesse momento, pois além de retratarem momentos anteriores aos filmados agora em 2011, com estrutura de longa de ficção, estávamos discretos, mínimos e a qualidade das imagens feitas mostra isso, com exatidão.
Quando fomos filmar essa "expedição à infância" de Kaia e Reka, as outras crianças também foram envolvidas e realizamos cerca de 10 pequenas cenas, coringas dentro do quebra cabeça da edição.
Aqui, abaixo, fotos estáticas em filme PB, que a própria Helô fez enquanto estávamos lá.
Um forte abraço e agradecimentos à essa querida amiga e fotógrafa.
(Juntas Julia e Helô dirigiram um curtinha chamado Suíte Anonimato e Helô fotografou o filme de formatura delas, em 35mm chamado A estória da figueira)
Imagens muito importantes para a futura montagem foram feitas nesse momento, pois além de retratarem momentos anteriores aos filmados agora em 2011, com estrutura de longa de ficção, estávamos discretos, mínimos e a qualidade das imagens feitas mostra isso, com exatidão.
Quando fomos filmar essa "expedição à infância" de Kaia e Reka, as outras crianças também foram envolvidas e realizamos cerca de 10 pequenas cenas, coringas dentro do quebra cabeça da edição.
Aqui, abaixo, fotos estáticas em filme PB, que a própria Helô fez enquanto estávamos lá.
Um forte abraço e agradecimentos à essa querida amiga e fotógrafa.
(Juntas Julia e Helô dirigiram um curtinha chamado Suíte Anonimato e Helô fotografou o filme de formatura delas, em 35mm chamado A estória da figueira)
5 de abril de 2011
PEDRA BRUTA
O curta Pedra Bruta, finalizado em 2009 foi filmado enquanto o roteiro de "Ao relento" estava sendo escrito e poderia ter feito parte do material bruto do longa. Mas a natureza da imagem, a arquitetura da guerra em Mostar, o encontro com a pianista, o corpo de Georgette Fadel interagindo com aqueles espaços destruídos, se fizeram mais fortes. Saltaram na edição e quiserem autonomia.
Material bruto? Não! Pedra Bruta mesmo, solta nóis, são só 8 minutos. E foi. Agora na internet pela primeira vez, para ser visto e inspirar a futura visita dessa mesma personagem, Kaia, em outras paisagens, em outra narrativa.
Material bruto? Não! Pedra Bruta mesmo, solta nóis, são só 8 minutos. E foi. Agora na internet pela primeira vez, para ser visto e inspirar a futura visita dessa mesma personagem, Kaia, em outras paisagens, em outra narrativa.
3 de abril de 2011
30 de março de 2011
Desdobramentos já!
GUI MOHALLEM, SEGUNDO LUGAR COM O ENSAIO DROM, O CAMINHO CIGANO, REALIZADO AO LONGO DAS FILMAGENS DE "AO RELENTO". Uma seleção de fotos enviada ao concurso e um destaque muito gratificante desse prêmio da Fundação Conrado Wessel.
"Emocionado. Milhões de obrigados a Julia Zakia, a superflmes e todo mundo que participou das filmagens do Ao Relento. Ao Paulo Bueno pela super força no tratamento das imagens, e às queridas Ana Silvia Forgiarini e Mariane Goldberg por quase me obrigarem a inscrever.'
Gui Mohallem.
Drom - o caminho cigano
Drom, o caminho cigano
Essas fotos foram feitas durante as filmagens de “Ao Relento”, longa escrito e realizado a partir do encontro e da convivência com uma família cigana do sertão de Alagoas. O filme está sendo dirigido por Julia Zakia e produzido pela Superfilmes.
Ao longo de anos, a cada visita.
Durante as pausas nas filmagens o olhar não descansa, atua sobretudo na espera, nos entreatos. Assim, à força desse povo, soma-se uma iconografia (re)criada pelo filme, pelas mãos de seus inúmeros artesãos.
A troca generosa (minha e de Julia), se afirma dessa vez aos olhares e paisagens ciganas, dispostas aos nossos recortes, cinema ou fotografia.
Marcadores:
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julia zakia,
superfilmes
29 de março de 2011
Imagens
Georgette Fadel como Condessa, em seu quarto, filmado nos estúdios de Paulínia |
Guilherme Ferraz como Francisco cigano, no sertão de Alagoas |
Leuda Bandeira como Baka, a avó cigana, cercada por seus "netos" ciganos. |
Atores e equipe em cena |
Homens ciganos após briga com o fazendeiro. |
Todas essas fotos são de Gui Mohallem. |
8 de março de 2011
Um lugar pra se viver
Há certas coisas que não se pode deixar perder em meio ao ritmo acelerado de um set de filmagem. O aconchego de alguns abraços e olhares fez da luta-filme um organismo vivo, autônomo e único. Todo primeiro longa metragem deve ter sua trajetória imaginada, desviada e reinventada ao longo do processo e pelas pessoas que acabam fazendo parte dele. Na verdade, todo e qualquer filme tem seu caminho, suas marcas, seus erros e surpresas. Só posso, contudo, falar desse aqui.
Quando conheci essas meninas, Ciça e Sielma, elas eram bem pequenas e já sabia que seriam elas as atrizes do filme. Escrevemos a história em função de seus olhares e compreensão do mundo, e nos adaptamos ao jogo delas para construir o nosso. Kaia e Reka, as pequenas ciganas amigas, são separadas na infância, pelo destino do filme, mas se fazem acessíveis através de sonhos, de pensamentos e de memórias que se recuperam através de relâmpagos da mente, de objetos que remetem a algo, de insuspeitas canções trazidas pelo vento.
No filme, Georgette Fadel faz Kaia adulta e Julia Zakia, Reka adulta. Olhar para as meninas (nossa infância ali tão perto de nós e ao alcance de nosso tato) ao longo do mês de filmagem no sertão de Alagoas nos dava força, como atrizes, mas também nos trazia uma responsabilidade enorme. A espontaneidade delas e de sua relação haveria de ser a base de nosso trabalho.
Entre belos planos e paisagens. Entre a fotografia e a direção de arte. Entre a produção e a equipe toda ali ralando, o melhor lugar (espaço/tempo) do set com certeza foi esse colo anjo amigo, esse carinho consolador, essa pequena cigana senhora de si que me afagou, em ocasiões como essa, durante e depois da cansativa rotina da direção, do sol duro do sertão na cabeça, afastando dúvidas ásperas que poderiam paralizar a ação e a emoção.
Hoje é terça de carnaval, já não voltaremos mais ao sertão para fazer esse filme, pois já está feito. Mas, através dessas imagens de Gui Mohallem tive acesso direto ao que de melhor aconteceu ali em Alagoas, e agradeço. Em alguns minutos voltarei ao photoshop, onde estou fazendo um caprichado livreto de marketing para recomeçarmos a captação de recursos em busca de viabilizar a edição e finalização do filme. Foi bom ver essas imagens, lembrar como vale à pena.
O sonho, a realidade e a multiplicação de bons encontros, como esses.
Se isso estiver na tela, depois do filme pronto e afetar os sentidos do espectador, então teremos cumprido boa parte de nossas metas e teremos boas chances de apresentar um bom filme.
Quando conheci essas meninas, Ciça e Sielma, elas eram bem pequenas e já sabia que seriam elas as atrizes do filme. Escrevemos a história em função de seus olhares e compreensão do mundo, e nos adaptamos ao jogo delas para construir o nosso. Kaia e Reka, as pequenas ciganas amigas, são separadas na infância, pelo destino do filme, mas se fazem acessíveis através de sonhos, de pensamentos e de memórias que se recuperam através de relâmpagos da mente, de objetos que remetem a algo, de insuspeitas canções trazidas pelo vento.
No filme, Georgette Fadel faz Kaia adulta e Julia Zakia, Reka adulta. Olhar para as meninas (nossa infância ali tão perto de nós e ao alcance de nosso tato) ao longo do mês de filmagem no sertão de Alagoas nos dava força, como atrizes, mas também nos trazia uma responsabilidade enorme. A espontaneidade delas e de sua relação haveria de ser a base de nosso trabalho.
Entre belos planos e paisagens. Entre a fotografia e a direção de arte. Entre a produção e a equipe toda ali ralando, o melhor lugar (espaço/tempo) do set com certeza foi esse colo anjo amigo, esse carinho consolador, essa pequena cigana senhora de si que me afagou, em ocasiões como essa, durante e depois da cansativa rotina da direção, do sol duro do sertão na cabeça, afastando dúvidas ásperas que poderiam paralizar a ação e a emoção.
Hoje é terça de carnaval, já não voltaremos mais ao sertão para fazer esse filme, pois já está feito. Mas, através dessas imagens de Gui Mohallem tive acesso direto ao que de melhor aconteceu ali em Alagoas, e agradeço. Em alguns minutos voltarei ao photoshop, onde estou fazendo um caprichado livreto de marketing para recomeçarmos a captação de recursos em busca de viabilizar a edição e finalização do filme. Foi bom ver essas imagens, lembrar como vale à pena.
O sonho, a realidade e a multiplicação de bons encontros, como esses.
Se isso estiver na tela, depois do filme pronto e afetar os sentidos do espectador, então teremos cumprido boa parte de nossas metas e teremos boas chances de apresentar um bom filme.
Ciça Ferraz (REKA) e Julia Zakia- Alagoas 2011 |
O melhor lugar do mundo (com Sielma Ferraz- KAIA) |
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