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30 de novembro de 2010

O mais novo pintor de arte

 Dante, o mais novo pintor de arte do cinema brasileiro. Ele ajudou a mamãe Patricia Cabral a fazer todo o trabalho em "Ao Relento". Casarão por fora, portal entre mundos, quarto, corredor e escada no estúdio, envelhecimento, texturas e muito carinho. Obrigada Pati, de barrigão e tudo, em nosso filme.  

ultra som do Dante


18 de novembro de 2010

3 cabeças


De beirada de rosto, Paula Mercedes, no meio Julia Zakia e à direita, Laura Mansur. Essas três no set parecem o Cérbero, o cão de 3 cabeças do labirinto do Minotauro. Não que engulam ou assustem os que ousam passar pelo labirinto, mas elas tem se movimentado como um só corpo durante esse tranalho.
Sócias, amigas e trabalhadoras braçais do cinema, é muito bonito vê-las em ação no set de "Ao Relento". Revisando alguma das cenas do dia 11 de novembro, no casarão da Condessa, vê-se seriedade e satisfação nas três meninas/mulheres. Continuem assim, unidas e fortes, faz bem olhar.

9 de novembro de 2010

07 de novembro de 2010

Primeiro dia de filmagem. Desde o quase amanhecer, ainda deitada, fui acompanhando o céu através da janela, acreditando na chegada do sol. Um lindo dia de sol. Depois de 10 semanas de preparação, finalmente a mão na massa. Apesar do frio na barriga de encontrar a organização do coletivo já no primeiro dia, um alivio imenso me tomou. É no set que me sinto à vontade. Tão à vontade quanto num banho de mar. O desafio de entender cada um, os espaços, os movimentos, realizar aquele plano de filmagem construído na minha imaginação silenciosa, armar o circo e liberar o espaço para uma equipe de quarenta pessoas dar vida àquele texto que estamos destrinchando há tantos anos.
Uma vez, Helena Coelho, grande alpinista, me disse que todo mundo deveria conhecer o Himalaia e subir uma montanha. Eu diria que todo mundo deveria conhecer um set de filmagem. E o mar.
laura mansur
1a assistente de direção

6 de novembro de 2010

"Um olhar brasileiro e poético sobre a Bósnia" por Esther Hamburger

Um olhar brasileiro e poético sobre a Bósnia

"Essa apresentação analisa o filme Pedra Bruta de Julia Zakia, um curta de 8 minutos, a partir do material filmado durante estudo para realização do longa “Ao Relento” em Mostar, Bósnia. A ideia é discutir como, sem recurso ao discurso politico, sem sangue, explosões, ou corpos machucados, sem o uso da palavra, com música e ruídos locais, e belas imagens filmadas pela diretora, que também é fotógrafa e montadora do filme, esse trabalho se contrapõem a Guerra. Pedra Bruta é parte de uma tendência emergente de documentários poéticos transnacionais que resultam da intersecção entre as artes visuais e o cinema e o audiovisual. Vinda do cinema e filmando na Bósnia, o trabalho de Júlia abre novas perspectivas para o cinema brasileiro.

O filme documenta o encontro entre a diretora, a atriz brasileira Georgette Fadel e a musicista Bósnia Amela Vucina. Zakia, Fadel e Vucina se encontraram por acaso em Mostar, cidade natal de Vucina, que foi bastante atingida pela Guerra. Zakia viveu na Bósnia por um ano, aprendeu a falar a lingual, trabalhou em programas de radio e documentários, além de redigir a primeira versão do longa de ficção, uma estória em tom de fábula sobre ciganos, que se passa no nordeste brasileiro e na Bósnia.

Durante esse ano, Julia recebeu a visita da amiga e atriz do filme, Geordette Fadel. Juntas, viajaram na Sérvia e na Bósnia, filmando. O encontro das duas com a pianista foi forte, estimulou a performance filmada e abriu parceria que continua na versão longa do trabalho, que terá música original da pianista Bósnia.

O filme não trás informação sobre esse processo de feitura. Ele não apresenta personagens. Não é narrativo. O trabalho começa com imagens em HD da performance ao piano e da perfance corporal em uma sala de música de escola infantil local. Vemos Vucina ao piano e acompanhamos os movimentos do corpo de Fadel. Enquanto a música continua, há um corte para imagens captadas em super-8, em outro momento e em outro espaço. Seguimos a perambulação de Fadel através de prédios abandonados e ruínas vazias. O filme não possui diálogos. As três mulheres artistas trabalham juntas na feitura do filme, o que por si só sugere a possibilidade de “viver junto” , para citar Barthes e o mote que inspirou a 27ma Bienal de São Paulo."

ESTHER HAMBURGER (publicado no site da SOCINE: Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual)